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Usuários de planos de saúde aumentam 25%
Crescimento foi de 25,1% em dez anos na quantidade de pessoas que passaram a pagar pelo serviço
São Paulo/ Fortaleza. Em dez anos, 16 milhões de brasileiros que não tinham acesso a plano de saúde passaram a pagar por esse tipo de serviço. É o mesmo que um crescimento de 25,1% na quantidade de usuários, que saltou de 31,7 milhões, em 2003, para 47,8 milhões, em 2012. Este número representa um avanço de 50% da carteira. Em similar período, a receita das operações médico-hospitalares cresceu 191% e chegou aos R$ 82,4 bilhões, 5% a mais do que todo o orçamento do Ministério da Saúde no ano passado, que foi de R$ 78,5 bilhões.
Mesmo com o avanço, o segmento é o campeão em queixas há 11 anos seguidos FOTO: MIGUEL PORTELA
Os dados foram apurados na edição de agosto da revista América Economia, publicada pela Spring Editora.
Em alta
De acordo com a Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), o segmento obteve um incremento de 11,7% de 2010 para o ano passado. A entidade representa 15 grupos empresariais associados, com 29 empresas (11 seguradoras, 12 operadoras de medicina de grupo e seis de odontologia de grupo), que juntos respondem por cerca de 37% do mercado de saúde suplementar no Brasil.
Conforme o diretor executivo da FenaSaúde, José Cechin, o segmento vem ganhando importância no sistema nacional de saúde a cada ano. "Segundo dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), 94% da receita dos hospitais privados tops vêm dos planos", disse Cechin.
Na opinião do presidente da Comissão Nacional de Defesa do Consumidor da OAB, Hércules do Amaral, o avanço do setor é um reflexo positivo no que se refere ao consumo. Contudo, diz ele, é preocupante a dependência em relação ao dado apresentado pela Fenasaúde, no tocante à dependência cada vez maior do sistema de saúde brasileiro dos planos. "O consumidor já se encontra em uma situação natural de vulnerabilidade. Essa informação da relevância das operadoras para a receita dos hospitais só intensifica esse quadro", analisa o especialista.
Reclamações
Apesar do crescimento, tanto do número de segurados, quanto do faturamento, os planos de saúde foram campeões de reclamação do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) por 11 anos consecutivos.
Este excesso de queixas motivou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a proibir, no mês de julho, a venda de 268 planos de 37 empresas por um período de 90 dias.
No ponto de vista de Hércules do Amaral, esse avanço nas queixas têm haver com o modelo adotado no País de tratamento da saúde. "É uma triste evidência ver que o ideal do Sistema Único de Saúde (SUS) está perdendo espaço para a realidade de sistema suplementar. O fato é que para perseguir o lucro é necessário reduzir custo, isso às vezes incorre na negativa de cobertura e diminuição de qualidade por parte das empresas", avaliou.
Segundo o representante da OAB, as reclamações advêm como consequência desse modelo. "Os serviços nem sempre não são prestados conforme previsto ao consumidor. Na verdade, este tem sido obrigado a contar com o Poder Judiciário e Procons para materializá-los. Nesse ponto, a agência reguladora, no caso a ANS, ainda tem que percorrer um longo caminho e demonstrar a que veio", criticou.
Setor aquecido
82,4 bilhões foi o valor da receita médico-hospitalar em uma década. Superior a todo o orçamento do Ministério da Saúde em 2011, que foi de R$ 78,5 bi