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Comprar do exterior exige paciência e cautela
Lojas internacionais se destacam pelo preço baixo, mas consumidor deve ficar atento para não ser prejudicado
Professor Wender Nogueira demorou seis meses para receber aquário comprado da China FOTO: ALCIDES FREIRE
Enquanto as grandes companhias estrangeiras de e-commerce apostam no crescimento do mercado brasileiro, os usuários do País já se acostumaram a incluir lojas virtuais de lugares como Estados Unidos e China entre as opções de busca na hora de adquirir produtos como equipamentos eletrônicos, roupas, acessórios e brinquedos.
Embora sejam atrativas devido aos preços mais baixos, as ofertas apresentadas pelas principais lojas estrangeiras trazem também alguns riscos, ligados à menor transparência no processo de compra.
"Se a pergunta é: ´As compras pela internet são seguras?´, a resposta é que sim, pode-se dizer que são seguras. Mas as compras em lojas de fora com certeza são menos seguras", frisa o presidente da Comissão Nacional de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Hércules do Amaral.
Dificuldade
A principal dificuldade, afirma o presidente, está relacionada à ausência de uma empresa importadora ou de um representante comercial no País, o que dificulta o contato caso haja algum problema na entrega. "Eu conheço uma pessoa, por exemplo, que comprou dois relógios e um perfume de uma empresa americana e eles nunca chegaram. Agora, ela luta na Justiça Federal (em uma ação contra a empresa)", salienta.
Uma situação semelhante foi vivida pelo professor Wender Nogueira. Em janeiro deste ano, ele comprou de uma loja virtual chinesa um aquário cuja entrega era prevista para até três meses. Após esse prazo expirar, Wender procurou o atendimento oferecido no site da empresa para relatar o ocorrido e cobrar a entrega.
Mesmo travando uma conversação em tempo real com o serviço de atendimento, acabou deparando-se com um novo obstáculo - a distância gerada pela diferença de idiomas. Como não é fluente em inglês, Wender teve certa dificuldade para explicar todo o caso e para compreender as justificativas apresentadas.
"Tudo o que eles disseram foi que havia muitas entregas para fazer e que por isso poderia ter tido atraso", recorda. Ele destaca que, utilizando o serviço de rastreamento do produto, foi possível constatar que o aquário já havia sido enviado, mas ainda não tinha chegado ao Brasil.
Segundo o professor, a empresa lhe ofereceu duas possibilidades: ficar com o valor do aquário como crédito para a aquisição de novos itens ou solicitar o reenvio do objeto. Depois de optar pelo reenvio, Wender aguardou por mais três meses até que, em junho último, o aquário chegou.
Quatro dias depois, relata, outro produto, idêntico, chegou também pelo correio. "O segundo aquário que eu pedi (como forma de reenvio) acabou chegando antes do que o primeiro que eu comprei", destaca.
Apesar do incidente, o professor afirma que a opção de fazer compras em lojas virtuais de outros países ainda é atrativa, por conta do preço. "Eu já comprei um relógio que não custou metade do que eu gastaria se fosse comprar um igual aqui em Fortaleza", ilustra. (JM)