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Coelce dá como certo aumento de 19%
Coelce dá como certo o aumento de 19,16% e o reajuste das contas de energia acontece justamente em um dos melhores momentos econômicos da empresa. Em 2008, a Companhia foi a segunda melhor opção de investimentos na Bolsa
Carlos Henrique Coelho
da Redação
14 Abr 2009 - 02h36min
A Companhia Energética do Ceará (Coelce) dá como certo o reajuste de 19,16% nas contas de energia, já a partir de 22 de abril. O índice é três vezes superior à inflação do período, que ficou pouco acima de 6%.
O diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Luiz Carlos Bettencourt, disse ontem, em reunião organizada pela Associação dos Profissionais e Analistas de Mercado de Capitais (Apimec-CE), que a empresa espera resposta positiva ao pleito de reajuste junto a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que só se manifestará hoje.
A Coelce busca reajustar a conta de energia dos mais de 2,6 milhões de usuários do Ceará justamente quando vive um dos seus melhores momentos econômicos.
A companhia, que é privada e tem capital aberto, obteve valorização de 15,18% de suas ações nos últimos trinta dias. No período de um ano, os papéis da Coelce foram valorizados 12,37%. Só em abril, a alta está em 5,18%. Ontem, antes do fechamento do pregão, cada ação da empresa valia R$ 23,98.
Segundo fontes ligadas ao mercado de ações, a Coelce foi a segunda empresa que mais pagou dividendos aos seus acionistas em 2008. Cada investidor recebe R$ 3,14 por ação, ou variação positiva de 17%, no período de um ano. O investimento só perdeu para a Telemar Norte Leste, que remunerou seus correntistas com 39,2%. A receita operacional líquida da Coelce atingiu, em 2008, R$ 1,915 bilhão.
Aumento para quê?
Esta lucratividade fomenta o questionamento sobre os motivos do reajuste nas contas. Segundo o diretor institucional da Coelce, José Caminha, a empresa tem legitimidade para buscar o reajuste. “Tivemos um aumento de 16% nos custos e despesas não-gerenciáveis, esses valores refletem perdas que precisam de reposição”, disse e complementa que as empresas de energia têm direito a uma revisão tarifária uma vez ao ano.
No entanto, para o presidente da comissão dos direitos do consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Ceará, Hércules do Amaral, o pleito para um reajuste pode até ser constitucional, mas “é imoral”.
Segundo ele, “trata-se de um monopólio com garantia de remuneração do capital investido”, comentou. Emendou que “o processo de privatização envolvendo a Coelce foi, na realidade, um empréstimo ao povo do ceará, que deve ser pago ao longo de trinta anos, acrescido de uma ‘justa’ remuneração pelo capital investido por estrangeiros”.
Em vias de firmar o reajuste, a Coelce divulgou crescimento de R$ 94 milhões, ou 38%, no ano passado em relação a 2007. Somente em benefícios fiscais, através da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), foram R$ 66 milhões e a margem líquida da empresa, em 2008, atingiu 18%, registrando crescimento de 3,4 pontos percentuais.
Quanto ao resultado financeiro, a Coelce cresceu R$ 41 milhões em relação a 2007. Os números mostram que o lucro saltou de R$ 8 milhões para R$ 49 milhões, ano passado. A dívida da empresa está em R$ 330 milhões, mas o plano é de que até 2013 este valor seja amortizado em R$ 177 milhões. Já a dívida bruta chega a R$ 885 milhões, apresentando crescimento de 49% em relação a 2007.
NÚMEROS
19,16%
É O REAJUSTE PEDIDO PELA COELCE
2,6 MI
SÃO OS USUÁRIOS QUE DEVEM SER ATINGIDOS PELO AUMENTO NO CE
6%
É A INFLAÇÃO NACUMULADA NO PERÍODO COMPREENDIDO NO AUMENTO