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62% na Capital não poupam dinheiro


Mais da metade da população de Fortaleza nunca formou uma poupança e cresce o número de endividados Carlos Henrique Coelho da Redação 19 Mar 2009 - 01h26min A maioria da população de Fortaleza nunca teve uma poupança na vida. A informação, revelada ontem em evento que reuniu diversos órgãos de defesa do consumidor, faz parte de uma pesquisa realizada pelo Instituto Data Sensus. O levantamento mostra que 62% dos fortalezenses jamais pouparam dinheiro, 23% possuem uma reserva e 14% tiveram poupança mas já não tem. Segundo o diretor de pesquisas do Data Sensus, Marcelo Santiago, o resultado mostra que os consumidores estão vivendo no limite de sua renda e que este é um dos motivos para o superendividamento das famílias. “Não existe uma cultura de poupança. Algumas iniciativas estão sendo tomadas, inclusive com a ajuda da mídia, mas ainda estamos longe de alcançarmos uma real educação financeira”, disse. O estudo revelou que 22,9% dos entrevistados não planejam seus gastos e que 31% estão inadimplentes com o cartão de crédito, 25% estão em atraso nas parcelas dos empréstimos e 10,3% devem no cheque especial. Quanto à motivação das dívidas, 15,2% declararam redução de receita, 13,8% despesas imprevistas e 11,7% afirmaram falta de planejamento no orçamento familiar. “Esta última opção é uma desculpa que não convence já que o nível de gastos dos que dizem planejar é o mesmo dos que não planejam”, explica Santiago. Segundo o presidente da Comissão do Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Ceará, Hércules do Amaral, o endividamento não é de todo ruim para a economia, mas é preciso combater o superendividamento. “Temos que regular o crédito. Penso que deveríamos ter em lei uma espécie de falência civil, em que os devedores ganhem tempo para recompor os débitos, assim como se faz na França”, disse. Educação financeira Entre as formas que os consumidores adotam para abater as dívidas, 11,9% dos pesquisados dizem procurar outros trabalhos (ou “bicos”) para produzir renda, 7,7% esperam a chegada do próximo salário, protelando a dívida, 4,9% contraem empréstimos e outros 4,9% pedem ajuda a parentes. “Estes dados reforçam a idéia de bola de neve. O sujeito vai adiando o pagamento e o saldo devedor cresce”, diz Santiago. A juíza de Direito e professora universitária gaúcha, Karen Bertoncello, é autora de um livro sobre superdívidas e esteve em Fortaleza para debater o assunto. “Temos dois caminhos: primeiro a prevenção, com a difusão da educação financeira, e depois o tratamento, que só virá através de uma mudança de legislação”, afirma. Segundo a juíza, Fortaleza está entre as poucas capitais brasileiras que realizaram um estudo analítico sobre os gastos da população. “É importante saber como anda a cultura do crédito. A vida é tão dinâmica que não paramos para observar”, complementa. O evento no qual foi apresentada a pesquisa fechou a Semana do Consumidor e foi realizado na Faculdade Integrada do Ceará (FIC). Contou com as presenças do deputado estadual Artur Bruno, do vereador Guilherme Sampaio e de representantes de diferentes órgãos cearenses de defesa do consumidor, como Isabel Lopes, do Procon, e Gualberto Feitosa, do Decon.

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